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Recomeços… Como membros de um mesmo povo


Parecendo, à primeira vista, um mero registo genealógico dos que regressaram a Jerusalém, o primeiro impulso é saltar a leitura do sétimo capítulo do livro de Neemias. Mas fazer isso significaria perder algumas lições importantes, as quais resultam, precisamente, desse registo algo repetitivo de famílias e números. Ora vejamos: a reconstrução do muro tinha sido concluída em 52 dias. Tinha ficado patente que o mérito pela rápida e bem sucedida reconstrução era devido a Deus e chegara o tempo de organizar as coisas por dentro.
Nos primeiros três versículos deste capítulo, aprendemos que este era um povo disposto a servir. Aqueles que estavam destinados para o trabalho no Templo trabalharam como pedreiros e serventes e, finda a reconstrução, voltaram às funções habituais como porteiros, cantores e levitas. Neemias identificou em Hananias qualidades dignas de um servo – “homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos” e colocou-o como líder do povo. Entre os habitantes da cidade manteve-se a disposição para servir, de maneira que a responsabilidade de defender a cidade foi partilhada por todas as famílias, “cada um diante da sua casa”. Este deve ser o padrão também para nós. O alcance dos ministérios da igreja depende diretamente da disposição que os seus membros têm para servir. Deus dará os recursos e sustentará a sua obra usando cada um de nós. Temos de nos tornar mais do que meros assistentes nos cultos dominicais, crescendo em zelo e dedicação, como servos úteis e dispostos a fazer o que for necessário na obra de Deus.
É nos versículos 5 a 66 que lemos o registo de todos os que voltaram a Jerusalém com Zorobabel e que Neemias volta a citar. Esta referência a quantos eram e quem eram despertava e aprofundava o sentido de pertença de um povo que tinha passado por várias décadas de exílio. Cada indivíduo deveria saber-se parte útil e necessária deste povo. Mas a utilidade desta genealogia não era somente reforçar a identidade do povo. Desde Abraão, este povo carregava uma promessa e de uma missão: “multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e lhe darei todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra”. Da sua descendência viria Aquele que seria a bênção para todos os povos. Este era, portanto, um povo missionário, porque lhe competia anunciar a promessa de Deus e ser o próprio canal para o seu cumprimento. Assim sendo, cada uma das genealogias que encontramos, desde o Pentateuco até ao registo no nascimento de Jesus, constituíam uma garantia de que o povo de Deus era preservado e estavam garantidas as condições para Deus cumprir a sua promessa de abençoar todos os povos, através do seu Descendente. A importância de manter vivo o registo das linhagens das quais sairia o Salvador é reforçada pelos versículos 61 e 64 que fazem referência a alguns que se juntaram ao povo, mas cujos registos de linhagem judaica não foram localizados. Hoje, a igreja é o povo que serve de canal a esta promessa. Hoje, a igreja é o povo que anunciará a bênção a todos os povos. Somos os responsáveis por comunicar a vinda do Messias e anunciar a bênção disponível para todos. Que não falhemos nesta disposição!
Finalmente, dos versículos 70 a 72 lemos sobre aqueles que contribuíram generosamente para a obra de Deus, começando nos próprios líderes. Dinheiro, utensílios e vestes foram ofertados para a retoma das celebrações no templo. Esta generosidade, que se encontra presente em diversos outros momentos da vida do povo, lembra-nos a forma como devemos ser um povo disposto a contribuir. E é tempos difíceis como este que se revela a generosidade autêntica que depende muito mais da disposição do coração do que do conteúdo da carteira. A dimensão e o alcance daquilo que a igreja concretiza também dependem da contribuição dos seus membros. É verdade que Deus é o dono de todos os recursos e bens e ele providencia-os conforme a sua vontade. Mas é verdade, também, que os recursos que Deus quer usar são aqueles que ele já colocou nas nossas mãos.
Sejamos, então, um povo disposto a servir, a anunciar e a contribuir. Estes elementos não esgotam a responsabilidades de ser parte deste povo, mas são um bom ponto de partida.

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